TAMANHA A IMPORTÂNCIA TEVE O INGREDIENTE na colonização e desenvolvimento do país que o sociólogo Gilberto Freyre dedicou um livro inteiro ao tema: Açúcar, publicado pela primeira vez em 1939. Na terceira edição, de 1986, ele escreve que o produto “adoçou tantos aspectos da vida brasileira que não se pode separar dele a civilização nacional”. Iniciadas com a introdução dos engenhos de cana nas capitanias de São Vicente e Pernambuco, ainda no século XVI, a fabricação do açúcar favoreceu o surgimento de uma arte doceira riquíssima, capaz de aproveitar diversos frutos da terra na confecção de uma série infindável de compotas, geleias, balas, pudins e bolos, entre milhares de alquimias. Escolher os doces nacionais mais típicos é tarefa impossível. Manjar de coco? Goiabada? Compota de figo? Pudim de Leite? Existem tantos quitutes clássicos quanto existem cadernos de receitas guardados em cada casa do país – como disse Luís da Câmara Cascudo em História da Alimentação do Brasil, “nunca um brasileiro dispensou o adoçar a boca após salgar o estômago”. Na região Norte, especialmente no Acre, um tipo de açúcar mascavo chamado gramixó é produzido a partir do caldo de cana cozido.