Manifestação, com distribuição gratuita de comida, chega à sua terceira edição em várias cidades do país

Rafaela Polo

No terceiro dia de governo, o presidente Jair Bolsonaro criou uma medida provisória que tira do CONSEA (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional) a atribuição de propor ao governo federal as “diretrizes e prioridades” da política e do plano nacional de segurança alimentar e nutricional. A competência passou para o Ministério da Cidadania.

Órgão de assessoramento direto da presidência da República desde sua criação, em 2006, o Consea era definido, de acordo como o próprio site do órgão, como “um espaço institucional para o controle social e participação da sociedade na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, com vistas a promover a realização progressiva do Direito Humano à Alimentação Adequada”. O órgão era composto, de forma mista, por um terço de membros do governo e dois terços da sociedade civil.

Contra a medida (e a extinção do órgão), chefs, cozinheiros, produtores familiares e outras pessoas envolvidas com a alimentação decidiram se reunir em mais um Banquetaço, no dia 27 de fevereiro (quarta-feira), em várias cidades do país. A ideia do evento é protestar contra a decisão do governo, distribuindo comida em locais públicos. “Com o fim do Consea, todo o diálogo que existiu nos últimos 25 anos, entre sociedade civil, governo, ONGs e instituições educativas vai acabar. O governo está enfraquecendo a questão da alimentação, a discussão sobre trazer a comida de verdade, com escolhas orgânicas, nativas dos quilombolas… O Consea era uma proteção a essa conversa, com incentivo, preocupação e cuidado. É muito triste, mas acho que podemos conseguir, sim, uma reversão disso com o movimento”, diz a educadora alimentar e cozinheira, Leila D, uma das organizadoras do Banquetaço.

Esta é a terceira edição do Banquetaço, que nasceu em 2017, em defesa do Direito Humano à alimentação adequada, reunindo agricultores, nutricionistas, cozinheiros e ativistas em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. Na ocasião, foram servidas 2 mil refeições gratuitas a partir de alimentos doados por agricultores orgânicos, empresários e oriundas da coleta de alimentos que seriam descartados, pelo Ceasa. Em 2018, a manifestação aconteceu depois do desastre no Largo Paissandu, e serviu comida aos desabrigados.

Neste ano, a manifestação acontecerá em várias cidades do país. Veja a lista abaixo: