Bettina Orrico fala de uma das comemorações mais esperadas do ano na Bahia e que gira em torno de um ingrediente emblemático da cozinha local

Autor: Letícia Rocha

“Minhas lembranças de Páscoa não são de infância. São de uma Bettina já crescida, mas que agia com alegria e ansiedade quase infantil quando batia os olhos no calendário e previa que essa temporada festiva estava por vir.

Se esta já é uma data aguardada no país, devo dizer que há todo um outro frenesi em torno dela na Bahia: na Sexta-feira Santa, fazemos também a Festa do Dendê!

Essa é uma data muito esperada por nós. Nela, as famílias passam horas ao redor do fogão e depois ao redor da mesa, celebrando ‘as comidas de dendê’. É uma farra! Tem caruru, efó, língua de vaca, vatapá, feijão de leite, arroz de hauçá, moqueca – essa é obrigatória!

Outra tradição nossa e que não pode faltar nesta mesa é o acarajé, mas nesse caso não fazemos em casa, não – dá um trabalho danado –, encomendamos das baianas que já são famosas por suas barraquinhas especializadas.

Não temos doces com dendê, mas a festa era farta também nesse campo, com a torta divina, feita daquela base de torta de massa podre tradicional com goiabada derretida, iguaria que saía do forno dourada, crocante, fazendo bem jus ao nome que leva.   

Já no Domingo de Páscoa, as famílias fazem um almoço especial, pode até ter bacalhau, mas não é algo tradicional nosso. Mais comum é servir xinxim de galinha, pratos de carne e até fazer um churrasco. De sobremesa, abrimos os ovos de chocolate”.