“A culinária brasileira é um agente transformador, o gatilho que falta para muita gente investir e empreender, dentro e fora do país. A gastronomia serve para alavancar mudanças sociais e reconstruir a vida das pessoas”, diz Alex Duarte, fundador do projeto Padoca do Alex, que, desde 2016, ajuda comunidades em Moçambique, na África, a ter renda e alimentação. Mas como tudo começou?

 

Formado em TI, Alex sempre gostou de assistir programas de culinária. Se encantou pela panificação ao assistir Luiz Américo Camargo e Rita Lobo na TV. “Comprei o livro dele, o Pão Nosso: Receitas Caseiras Com Fermento Natural, e estava fazendo alguns pães em casa. Então resolvi ir para São Paulo fazer um curso com ele. Me encantei e não parei mais”, conta. E quem poderia imaginar que esse momento de relaxar no sofá mudaria tantas vidas?

 

O tio de Alex é diretor de uma clínica para recuperação de dependentes químicos. Certo dia, recebeu uma ligação de Moçambique. Era o responsável pelo Ministério do Bom Samaritano do país africano, Danilo Montana, pedindo ajuda. “Só que como a clínica também depende de doações, era difícil ajudar com dinheiro. Eles acabaram conversando bastante e, então, meu tio resolveu viajar para Moçambique”, relata. Após essa primeira visita, em 2016, a família de Alex decidiu ajudar uma família de 13 pessoas na cidade portuária de Quelimane, no país.

 

No ano seguinte, Alex resolveu fazer a viagem também. “Decidi ensinar esses jovens a fazer pão. Levei alguns livros de receita que o Luiz Américo doou, fiz as malas e fui para a aldeia”, conta. Só que alguns desafios tornavam a iniciativa ainda mais complexa: “Eles não tinham forno no local, nem onde amassar a massa. Fizemos todo um movimento de comprar madeira e construir os móveis. Para assar os pães, abrimos um buraco no chão, colocamos um vaso de barro e cercamos de carvão. Também assávamos pão no espeto”, relembra Alex, sobre sua primeira expedição. 

 

Para melhorar a estrutura local, Alex começou um uma vaquinha nas redes com objetivo de arrecadar fundos para a construção de uma padaria. “Fizemos uma padaria funcional no meio da aldeia e usávamos os produtos deles: leite e o bagaça do coco que era descartado, mais a farinha de moçambique, nas receitas”, diz. A ideia era alimentar as crianças e vender os pães para conseguir recursos para o próprio projeto. 

 

Em junho, Alex voltou pela terceira vez a Moçambique, mas agora para Beira, a cidade mais atingida pelo ciclone que passou pelo país em março passado. “Vamos replicar o modelo lá. Ficarei dez dias”, conta. 

 

Felizmente, não é só na África que a Padoca do Alex está fazendo a diferença. Aqui no Brasil ele também trabalha para que o projeto seja implantado em Bom Jesus da Lapa, no sertão da Bahia. Os fornos estão sendo construídos e Alex dará os workshops de fermentação natural. O projeto também será replicado na clínica de reabilitação dirigida por seu tio, afinal, foi onde tudo começou.

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