“De restaurante premiado a flutuante, passando por quiosque e boteco, há muitos locais para curtir a culinária paraense”
Por Leticia Rocha
O Instituto Brasil a Gosto esteve em Belém e compartilha aqui um roteiro para quem quer conhecer mais de perto a rica gastronomia da capital paraense – eleita, em 2015, “Cidade Criativa da Gastronomia”, pela Unesco. O título coloca Belém ao lado de 180 localidades (de 72 países) que merecem destaque em áreas como gastronomia, turismo e cinema. Veja nossas dicas – imperdíveis – abaixo:
Estação das Docas
Se tiver pouco tempo, é aqui que você deve focar! Depois da revitalização, finalizada no ano 2000, o antigo porto foi transformado em um complexo que reúne gastronomia, compras e cultura local. A começar pelo restaurante Lá em Casa, símbolo da culinária paraense, fundado pelo célebre Paulo Martins (1946-2010) e sua mãe, Anna Maria, no início dos anos 70, e considerado um dos grandes responsáveis por colocar a gastronomia brasileira em evidência. Ali é o lugar certo para provar clássicos paraenses como pato no tucupi e maniçoba e conhecer criações próprias como pupunha com roquefort e arroz de jambu – prato que mostra que Paulo foi um cozinheiro visionário que militava em prol da comida nacional. Mais dois pontos têm parada obrigatória: a Amazon Beer e a Cairú, respectivamente, cervejaria artesanal e sorveteria, que trabalham, com maestria, em suas áreas, os insumos locais.
Avenida Boulevard Castilhos França, s/n; www.estacaodasdocas.com.br
Mercado do Ver-o-Peso
O complexo descortina ao viajante uma amostra do que é a Amazônia. Reúne mercados de peixe, de carnes e até de animais vivos, além da maior feira livre da América Latina. Há ainda a área das ‘boieiras’, dedicada às refeições, e o canto do artesanato. Veja reportagem completa aqui.
Avenida Boulevard Castilhos França, s/n, Comércios; www.belem.pa.gov.br/belemtur/site.
Remanso do Bosque e Remanso do Peixe
Comandados pelos irmãos Felipe e Thiago Castanho, os dois premiados restaurantes ultrapassaram as fronteiras do Pará e já são famosos em todo país. Seu DNA faz uma combinação das coisas da terra com receitas e técnicas globais. Exemplos: guioza de jambu, linguíça de maniçoba, açaí bun (versão do pãozinho asiático com a fruta ilustre da região).
Remanso do Peixe: Conjunto Celso Malcher, 64, tel. (91) 3228-2477
Remanso do Bosque: Av. Rômulo Maiorana, 2350, tel. (91) 3347-2829; www.restauranteremanso.com.br
Tapioquinha da Amazônia
Localizado no Ver-o-Peso (praça púbica que funciona também como mirante), esse quiosque é um dos mais procurados pelos paraenses quando a pedida é “café na rua”. Por lá, o protocolo recomenda comer uma “tapioquinha fininha com manteiga”, que fica ainda melhor se for recheada com o típico queijo de búfala do Marajó (que não é em bolinhas, mas pedaço, e tem sabor amanteigado). Mas, não se intimide, o cardápio de tapiocas é extenso. São no total 40 opções, entre receitas doces e salgadas. Vale provar também os sucos frescos de frutas típicas como taperebá, graviola e açaí.
Avenida Boulevard Castilhos França, s/n, tel. (91) 3212-3090.
Saldosa Maloca
Uma viagem a Belém pede um passeio bem particular: visitar um restaurante flutuante. E esse é um dos mais famosos. O cardápio é simples: aposte na dupla camarão e peixe frito, acompanhada por caipirinha de frutas nativas. Desfrute da experiência de estar diante da imensidão das águas e das paisagens amazônicas. Visite o quintal, na margem onde ele fica atracado: ali fica um gigantesco e centenário exemplar de samaúma, uma das árvores mais antigas do país. O Saldosa (com “L” mesmo) fica ancorado na Ilha do Combu, distante 1,5 km da capital, na margem esquerda do Rio Guamá. Para chegar lá é preciso pegar um barco na Praça Princesa Isabel, no bairro de Condor. O trajeto dura 10 minutos e custa, em média, R$ 5; mas há agências que organizam passeios privados e podem ser contratados diretamente na praça.
Ilha do Combu; www.saldosamaloca.com.br
Meu Garoto
O boteco, além de ponto tradicional para petiscar, é endereço certo para provar a cachaça de jambu, que leva o nome da casa e é considerada uma das melhores do país. O destilado é servido em doses e escoltado por um belo caldinho do dia. Na lojinha são vendidas garrafas de 250 e 700 ml, nas versões tradicional, para cozinhar e as saborizadas (de açaí, castanha, cupuaçu e bacuri).
Rua Senador Manoel Barata, 917 (e mais um endereço); www.cachacameugaroto.com.br
Xícara da Silva
Eis aqui um lugar que comprova que os ingredientes locais não precisam ficar só no nicho da culinária típica. Trata-se de uma pizzaria. Uma das opções mais pedidas é a de jambu com camarão regional (de água doce) e queijo do Marajó. Vale cada fatia!
Av. Visconde de Souza Franco, 978A – Reduto, tel. (91) 3241-0167
Point do Açaí
Parada fundamental para entender a importância do açaí no cotidiano do Pará, aqui, esqueça o açaí com granola e banana que se popularizou país afora. No Pará, tradicionalmente, a fruta é usada em pratos salgados. E é assim que ela é apresentada no Point: como um molho denso feito só da fruta batida, usado como acompanhamento de pratos como camarão, charque, carne de panela, picanha, frango, ao lado da farinha. Encare o estranhamento inicial e descubra um novo sabor. Você não vai se arrepender.
Av Boulevard Castilhos frança nº 744 , tel. (91) 3212-2168; www.pointdoacai.net
Tacacá Raízes da Mandioca
Por volta de 16hs, 17hs, o costume local pede tacacá – caldo típico da Amazônia que leva camarão, jambu, tucupi, pimenta e goma de mandioca. Há incontáveis barraquinhas e carrinhos que servem a iguaria por toda a cidade, mas esta é uma das mais famosas. Ivanete Pantoja, a dona, é também presidente da Associação das Tacacazeiras de Belém.
Avenida Nazaré, altura do número 1157.
Santa Chicória
Eis aqui uma prova de que o que é típico não precisa ficar restrito ao tradicional ou ao turístico. Os habitantes locais são habitués da casa dos chefs Ilca Carmo e Paulo Anijar. O casal produz um misto de cozinha criativa e afetiva do tipo ‘comfort food’, com sugestões como escondidinho de caranguejo, filhote ao molho de limão, pesto e farofa de urucum e mojito de jambu.
Avenida Senador Lemos, 565, (91) 3347-9899; www.santachicoria.com.br