NATIVA DA MATA ATLÂNTICA e, portanto, brasileiríssima por excelência, a jabuticaba é o tipo de ingrediente capaz de despertar paixões arrebatadoras – no século XVI, o jesuíta português Fernão Cardim já registrava, em seu Tratados da terra e gente do Brasil, o espanto de ver as frutas ocuparem “desde a raiz da árvore por todo o tronco até o derradeiro raminho”. De casca resistente e suculenta polpa branca adocicada, a jabuticaba exige que se tenha paciência. As árvores só começam a frutificar depois de pelo menos dez anos e a safra é muito curta, entre agosto e novembro. Quando colhida, deve ser utilizada de imediato, ou começa a fermentar. As frutas que não têm consumo imediato in natura são aproveitadas em geleias ou licores. Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo concentram as plantações. A cidade de Sabará, em Minas Gerais, promove um festival anual dedicado à jabuticaba, com barraquinhas que vendem tortas, balas, sorvetes e outros quitutes. Na mesma época, algumas casas locais aderem a uma prática curiosa: alugam por um dia as jabuticabeiras de seus quintais para os visitantes que quiserem se fartar.